quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Então é isso, a vida

Nos invernos, ausência de flores,

Outonos sem grandes histórias,

Experiências Ilusórias...

Marcas, pedaços, dores.


Então é isso...

Escolha por frustrações...

Nos dias com grandes amores... Fanática,

Nos dias sem glórias... Apática,

Eternas contradições.


Então é...

Assim que não termina,

Caminhos abertos por aí, destinos construídos ao contrário.

Viver é um experimento solitário,

Para além donde sua verdade culmina.

Então...


Priska

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Você parece um menino que foge da chuva...

Dentro de você um menino não dorme.

Fica aí, agitado, fugindo da chuva.

Acredita poder esquivar-se do dilúvio,

- Pobre criança! Da chuva ninguém escapa, ela sempre nos molha.

Como a vida, é maior que a gente e nos inunda sem se importar com os danos nos fará.

Você pode abrigar-se, esconder-se, pode até fingir que ela não está.

Mas não, não se pode fugir da chuva.

Pode-se sim amá-la.

Levar-se pelo desejo incontrolável de cantar Singing in the rain...

Despir-se das roupas sujas e de velhas máscaras.

Descalço, sair pela rua, sentir as gotas de água em seu corpo nu, suaves sensações.

Renovado.

Sentir-se, feliz...

Priska

domingo, 22 de agosto de 2010

Há momentos que parecem ficar suspensos...

“Nada é para sempre, dizemos,

mas há momentos que parecem ficar suspensos,

pairando sobre o fluir inexorável do tempo.”

(José Saramago)

Eu posso estar a metros de distância,

voando pelo espaço, saltando dunas infinitas ou nadando frente ao mar

mergulhado no mundo construído pela minha imaginação.

Eu posso estar livre de mim, como uma alma leve pairando no ar.

Mas sou apenas um niño e preciso de sua proteção,

então, a busco pelo espaço infinito.

Seus olhos, que lá estão, parecem dispersos,

no entanto, ao menor ruído voltam-se mirando para onde estou.

E se chamo: mamãe!

Voa com passos leves até me encontrar.

Não há nada para fazer, não há nada para falar.

Quero, apenas, sentir sua presença, garantindo, assim,

minha essência diante da vida, diante do mar.

E então, como se a pluma de um anjo tocasse minha rosto

sinto seu beijo

e seu amor fica suspenso, pairando, para sempre, envolto a minha existência.

Priska

sábado, 7 de agosto de 2010

Gêneros

O mar é uma mulher, geniosa e temperamental.

Tem ciclos, muda diversas vezes ao dia,

Pode invadir o espaço que quer decidindo, por ela mesmo, o quanto de terra quer ocupar

e a intensidade com que quer agitar-se.

Mas sabe ser doce, mesmo com sua alma salgada.


E é movida pela emoção,

Por paixão, se permite conduzir pela lua.

Aceitando os caprichos de seu amante brilhante,

Submete-se a sua vontade, deixando-o levá-la por onde quer,

Satisfazendo, assim, o orgulhoso luar.


Esse astro sim é homem,

Suas mudanças são bem definidas, quatro vezes ao mês.

É previsível e sua luz é reflexo do sol, é símbolo da ilusão e do brilho falso,

mas como é belo... como seduz...


O sol? outra mulher.

Injustiçada pela língua lusófona é majestosa como uma deusa,

Manhosa, impõe-se sobre o céu celeste, a quem domina com perfeição,

Vestindo-o com a cor que lhe convém.


Só não domina as nuvens, crianças assexuadas,

Que brincam no espaço infinito, moldando-se em que querem;

um cachorro, um cavalo, um avião, São Jorge brigando com o dragão.

Quando choram escondem o sol, a lua, o céu.

Mas quando sorriem, espalham-se com graça e leveza,

Como crianças doces mandam em tudo,

Não há espírito que resista a seus encantos.


Priska

segunda-feira, 14 de junho de 2010

De você

De você quero apenas flores,

Não me fale de seus problemas, nem de seus amores

Não quero dores.

De você quero só o céu

Quero mel

Quero mar

E se não rimar

Ou não ornar

Tudo bem

Eu não sou perfeita também

Desde que seja minha a história

E de mais ninguém


Priska

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Sem palavras... com palavras...

Traze-me

Traze-me um pouco das sombras serenas

que as nuvens transportam por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,
- vê que nem te peço alegria.
Traze-me um pouco da alvura dos luares
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
- vê que nem te peço ilusão.
Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor!
-Vê que nem te digo - esperança!
-Vê que nem sequer sonho - amor!

(Cecília Meireles)

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Esboço

Para saber de mim
Desfiz-me em mil pedaços,
Separei cada parte do meu Eu.

Desfigurando-me, pude me ver sob minhas diversas dimensões.

Não contente, me desmanchei como água sólida ao sol,
escoei por vários dedos, escorreguei pelos lençóis.

A risco de me perder, infiltrando-me pelas frestas,
percorri novas trilhas, abri alguns caminhos e fechei outros.

A risco de não me achar,
Espalhei-me para todos os lados
Saí sem limites, bruscamente, em busca de mim,
em busca de uma nova forma que caiba minha forma.

Esbarrei nos seus traços.

Aos poucos, eles foram me contornando.
Esbocei-me pelos seus limites.

Com os vestígios dos caminhos que rolei, formo meu novo Eu em você.

Priska.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

In vino veritas!

Ele chegou e sentou-se em uma mesa atrás da nossa no bar. Estava sozinho e trazia um violão encapado.
Mantinha a postura ereta, observa às pessoas que ali estavam, assim como ao musico que ali tocava.
Parecia ansioso, estava impaciente.
Aos poucos suas costas foram se curvando, demonstraram que ele esperava, com certeza esperava, alguém ou alguma coisa, ele esperava.

Pediu uma porção de carne seca com mandioca, que chegou prontamente, e para beber, um suco de laranja.
Ao ouvir o pedido da bebida do moço na mesa de trás, fizemos um brinde: “IN VINO VERITAS! - Nunca confie em um homem que não beba”.
E risos, altos e estrondosos em nossa mesa.
Não sei se ele ouviu, mas nossa alegria incomodava aquele homem que continuava ali, ansioso.
Nervoso, comia a porção de mandioca como chinês comendo arroz com rachi.
O alimento saltava de seus dedos, em formato de pinça, para sua boca, mergulhando, cego, ao suicídio.

Engolia a mandioca, que talvez, temendo a dor, recusava-se a passar pelos dentes.
A carne sim, passeava por sua boca, saltando do incisivo e do canino para os molares em alta velocidade, porém, mediante a complexidade das trocas dentárias, acabavam por demorar para serem engolidas, e esse retardamento o incomodava, tanto quanto nossos risos.

Bebeu o suco em um gole só. Sua boca encheu-se daquele líquido, a espuma, no entanto, parou em seus lábios tornando-o parecido a um cão raivoso.

Seus olhos caçavam pelo em torno um relógio ou algo semelhante.
Não buscaram um celular, suas mãos não discaram em busca de alguém para chamar.

Terminada a porção. Terminado o suco. Terminada a canção. Continuava a tensão.

Chamou a Amanda. Pediu a conta. Olhou o valor. Pagou. Levantou-se e saiu. Não sabemos se chegou.

Em nossa mesa, uma interrogação e a curiosidade pela resposta.

Nos restando, apenas, fazer outro brinde.

domingo, 2 de maio de 2010

Resposta a Vinícius de Morais

Os barrigudos que me perdoem, mas tanquinho é fundamental!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Sonho com a deusa de ébano

Nos meus sonhos te vi formosa e nua,
Fogoa sua pele, brasa o teu sorriso,
Teu corpo negro largado sem juizo,
Sem medo da noite, no meio da rua.

Corria para mim, pousava a mão tua
no meu ombro e chegando, o teu corpo liso
ao meu corpo trêmulo, sem aviso,
beijava a minha boca sob a lua.

Teu corpo queimava, o meu corpo ardia
queria viver para morrer contigo
E acabei dizendo o que não devia:

- Não queria pedir, mas fica comigo...
Travessa, sem hesitar respondia:
- A gente não pode ser mais que amigos!

(Tiago Magno)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Paródia - Meu Porquinho da Índia - M. Bandeira


Quando eu tinha 20 anos

Um ratinho me ganhou

Que emoção no coração eu tinha

Porque o ratinho só queria estar comigo,

Em todos os lugares,

Mas não lhe bastavam minhas ternurinhas...

- O meu ratinho foi meu primeiro namorado.

(pRiSkA nUnEs)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Os Ombros Suportam o Mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

(Carlos Drummond de Andrade)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Estoy Triste...

"Ya no se encantarán mis ojos en tus ojos,
ya no se endulzará junto a ti mi dolor.
Pero hacia donde vaya llevaré tu mirada
y hacia donde camines llevarás mi dolor.
Fui tuyo, fuiste mía. Qué más? Juntos hicimos
un recodo en la ruta donde el amor pasó.
Fui tuyo, fuiste mía.
Tu serás del que te ame,
del que corte en tu huerto lo que he sembrado yo.
Yo me voy. Estoy triste: pero siempre estoy triste.
Vengo desde tus brazos. No sé hacia dónde voy....
Desde tu corazón me dice adiós un niño.
Y yo le digo adiós."

(Pablo Neruda)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Erro Ortográfico

Namorado de verdade se escreve com a letra C.

Porque namorado é Companheiro, Cúmplice e Comparsa.

Também tem de ser Compreensivo e tem de ter Coragem.

Namorado começa com C porque ele tem de ser aquele Cara que

entra na sua vida e na sua Cama com o Coração.

Além da Certeza de que vai te levar para o Céu e tudo isso sem te tirar

do Chão.

(pRISKA nUNES)