domingo, 5 de abril de 2015

Desassossego

Sossegada e descompassada!
A palavra sussurra no silêncio:

Desassossego do homem é não encontrar-se!
Estado constante, de cavaleiro errante!

Ela, 
espírito desencantado em enciclopédias decadentes,
finge que passa...

Dissolve na boca
Descompassa o passo
Descompensa a calma
Suga a'lma
Trêmula,
urra de dor,
Vencida, 
sua de amor. 





Mi menor

Se me perco de mim,
busco quem sou, por caminhos diversos.
Quando menos espero,
diluo-me em outras verdades
em outras falas e vontades...

Exalando odores desconhecidos,
visões confusas de um ser em construção
edifico uma verdade, minha, tão minha.

Se me perco de mim,
Esvaio-me pelo mundo frívolo em busca de referências
elas não estão após o moderno,
não há norte, sul, oeste ou leste.
liquefez-se as verdades.

Então,
Soa ferozmente dentro da casca, as vozes
quase não entendo a língua, quase não reconheço os léxicos,
mas conheço bem o seu sexo,  seus excessos
E conhecendo o desconhecido
me iludo no que poderia ter sido, lutando sem escudo
espero reerguer-me.

Verdadeiro conserto é concerto em mi menor.

O outro


Parte espelhada de mim,
o outro é mistério, maior que o Eu.
A profundidade aparente pelas janelas cada vez mais vazias, entorna sobre meus olhos.
O que há nessa casa?
O que há dentro deste outro que não sou eu?
Que mundos desvenda,
que músicas ouve,
por que chora,
por que ama
 
Buraco negro, esse caos chamado alma, clama por felicidade.
(Como eu)
Humanamente diferentes nas dores, iguais na existência de desejos.
Amar o outro é garrafa lançada ao  mar,
pelo o tempo, nada se sabe das mãos que escreveram e vedaram tal vidro.
Menos ainda, impossível saber, com certeza, qual direção tomará.
Amar o outro é ausência de controle.
 
Cabe-nos decidir: aceitar?