terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Governar dor

Ei, senhor! onde foi que você aprendeu a governar?
Na escola que te ensinaram a mandar,
não te ensinaram a seus semelhante amar?

Ei, senhor! onde foi que sua dignidade veio a vender?
onde foi que disseram que você não podia perder?
Onde, senhor, diga-me onde te ensinaram a sempre vencer?

Ei, senhor! onde foi que você aprendeu a sorrir
das desgraças alheias, impiedade sentir.
Onde senhor? Conta-me onde disseram que você não podia partir

Ei, senhor! onde foi que desaprendeu que você não é superior?
Que eleito foi, para governar nossas vidas e labor
Que eleito foi para sermos felizes  e não para governar dor

Priska



domingo, 16 de dezembro de 2012

Yo que ya no leo versos,
que ya no siento nada.
que ya no quiero luchar

yo que ya no escribo versos
que ya no estoy contento
que ya no me gusta el viento
que ya no me atrevo a cambiar

yo que me aprisiono
que ya no soy mi dueño
que ya no sueño
ni tan poco salgo a volar

yo que ya no tengo alas
que vivo sola en casa
que no me gusta nada
yo, justo yo sigo queriendo
amar...

Priska


domingo, 12 de agosto de 2012


mudar é sempre uma tarefa árdua, além de solitária, eu mesma nunca tive ninguém me ajudando com as preparações de mudanças. Mas acho que é assim que tem de ser!
Esse processo de desorganizar coisas, encaixar livros, enmalar roupas, ensacolar trens diversos, é muito íntimo e, por isso, solitário. é uma oportunidade de relembrar coisas guardadas, saber que estão ali. jogar fora coisas outras, recordações materializadas em objetos empoeirados.
livros, histórias dentro e ao seu redor; um presente, uma saudade, uma compra, um achado.
e nessa visita, ver-se, redescobrir-se. descobrir que gostava de algo que hoje nem lhe chama mais atenção. um amor, um segredo que talvez nem seja mais segredo. um pedaço de si, alí, encaixotado na correria do dia -a-dia. no olhar desatento do agora.
revisitar o passado é passear por si, por sua vida, ante uma visão nunca antes lançada.

sábado, 19 de maio de 2012


Minh’alma perambula pelas noturnas ruas .
Voando, flanando, buscando...
ao léu, desnuda, corcunda, confusa.
Pobre d’alma, pobre de palavras.
 Não ecoa poemas.
O cansaço que sente, vem da injuriada preguiça,
que condena uma vida tão burocrática.
O cansaço que sente, vem de mim;
Pouco do tempo, pouco da falta dele,
Pouco dos amigos, pouco da falta deles.
Pouco do amor, pouco da falta dele.


Vulgar, nada erudito, meu canto exala um cheiro de saudade do creme que minha mãe usava no dia que fomos para aquele lugar que tenho saudade.
Não me lembro o nome. Lembro-me da alegria. Lembro-me do amor.
Lembro-me do todo, e o todo era todo meu, cabia nos meus braços, cabia em minhas mãos.
Hoje, mal cabe no meu coração. 

Que é tão grande, mas mais vasto é o mundo, 
o homem aquele, disse que não, mas sim, o mundo é mais vasto que meu coração.
Vastando, vastada, devastada minh’alma re-volta.
Sossega, se encaixa outra vez na matéria. 

Se encarna. Se calma. Seu carma.
Mas avisa: - se tiver de sair, saio de novo, voo pelo céu e não me importo com nada.
Manga de mim. 

Me mira de lado 
e, por hora, 
sossega.
 


quarta-feira, 28 de março de 2012

Até os sois precisam ficar sós.

Precisam desatar os nós, um a um...

Antes que a velhice se sente à porta de casa para fazer bordado.

Há momentos em que o brilho do dia já não nos basta,

Fazemos coisas para além das convenções.

Desconvencionamos coisas para sobreviver sob a vida.

Para além do dado, do informado, do conformado.

O dia escurece para que outra vez possa haver o dia

Alimentando, assim, as expectativas pela chegada do sol.

Introspectar é prospectar novos contatos, novas possibilidades

em você, de você.

Novas maneiras de ser e de viver dentro de si, consigo. Única pessoa verdadeiramente sua.


Aos que tiverem sorte, irá, quando voltar, encontrar braços amigos à sua espera.

Aos desgraçados encontrará apenas cobrança, frieza e desilusão.

Querência por pedaço de ti.


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Teresa

"A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna

Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)

Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas."
(Manuel Bandeira - Teresa)

E esse foi meu erro, esquecer que Teresa tinha pernas estúpidas e olhos velhos. A ignorância me levou a ilusão de acreditar que foi o amor que sucumbiu meu olhos.
Na espectativa de alcançar o Céu, não vi mais os defeitos de Teresa. Então me machuquei, me magoei.
Mas Teresa não é só olhos, tampouco só pernas. Teresa tem coração, tem mãos, Teresa tem boca, pés e outras partes que não são feias. Teresa não é perfeita.
Ora, também eu não sou.
Como Teresa, também tenho partes feias, boca torta, olhos esbugalhados, pés groceiros, cabeça rachada (sei lá).

Como, então, cobrar de Teresa que ela seja perfeita. Quem me julgo ser para exigir de Teresa a perfeição?
Agora, o sopro de vida me invade, com clareza vejo as pernas estupidas, vejo os olhos velhos e amo Teresa do jeito que ela é. Pois também ela me ama do jeito que sou.
E assim, dicotomias errantes, amantes, Teresa e eu somos uma só pessoa.
Somos iguais nas nossas diferenças. Aprendizes da vida.
Aprendi, mas uma vez, não se ama apenas o belo. Se ama o real.
Eu amo Teresa.