quarta-feira, 5 de maio de 2010

In vino veritas!

Ele chegou e sentou-se em uma mesa atrás da nossa no bar. Estava sozinho e trazia um violão encapado.
Mantinha a postura ereta, observa às pessoas que ali estavam, assim como ao musico que ali tocava.
Parecia ansioso, estava impaciente.
Aos poucos suas costas foram se curvando, demonstraram que ele esperava, com certeza esperava, alguém ou alguma coisa, ele esperava.

Pediu uma porção de carne seca com mandioca, que chegou prontamente, e para beber, um suco de laranja.
Ao ouvir o pedido da bebida do moço na mesa de trás, fizemos um brinde: “IN VINO VERITAS! - Nunca confie em um homem que não beba”.
E risos, altos e estrondosos em nossa mesa.
Não sei se ele ouviu, mas nossa alegria incomodava aquele homem que continuava ali, ansioso.
Nervoso, comia a porção de mandioca como chinês comendo arroz com rachi.
O alimento saltava de seus dedos, em formato de pinça, para sua boca, mergulhando, cego, ao suicídio.

Engolia a mandioca, que talvez, temendo a dor, recusava-se a passar pelos dentes.
A carne sim, passeava por sua boca, saltando do incisivo e do canino para os molares em alta velocidade, porém, mediante a complexidade das trocas dentárias, acabavam por demorar para serem engolidas, e esse retardamento o incomodava, tanto quanto nossos risos.

Bebeu o suco em um gole só. Sua boca encheu-se daquele líquido, a espuma, no entanto, parou em seus lábios tornando-o parecido a um cão raivoso.

Seus olhos caçavam pelo em torno um relógio ou algo semelhante.
Não buscaram um celular, suas mãos não discaram em busca de alguém para chamar.

Terminada a porção. Terminado o suco. Terminada a canção. Continuava a tensão.

Chamou a Amanda. Pediu a conta. Olhou o valor. Pagou. Levantou-se e saiu. Não sabemos se chegou.

Em nossa mesa, uma interrogação e a curiosidade pela resposta.

Nos restando, apenas, fazer outro brinde.

domingo, 2 de maio de 2010

Resposta a Vinícius de Morais

Os barrigudos que me perdoem, mas tanquinho é fundamental!